Hobbes e Locke nas Relações Internacionais - Filosofia do Direito

Raphael Spode, Conrado Frezza e Marcelo Alves

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Ficha técnica

Autor(es): Raphael Spode, Conrado Frezza e Marcelo Alves

ISBN: 978853624371-9

Acabamento: Brochura

Formato: 15,0x21,0 cm

Peso: 260grs.

Número de páginas: 190

Publicado em: 03/09/2013

Área(s): Direito - Filosofia do Direito

Sinopse

Na Teoria das Relações Internacionais o estado de natureza hobbesiano costuma ser usado para interpretar o cenário internacional a partir de uma analogia entre a situação dos Estados e aquela dos indivíduos em estado natural. O problema dessa comparação é que ela tem sido entendida como um paralelismo estrito, como se as relações entre os Estados fossem equivalentes às caóticas relações entre os indivíduos em estado de natureza. Porém, a pertinência da crítica a Hobbes fica comprometida quando o seu próprio pensamento é resgatado. Há no Leviatã algo mais do que aquilo que foi incorporado pela “tradição hobbesiana”. Na verdade, além da guerra, há fortes indícios de que na teoria hobbesiana há espaço também para a cooperação entre os Estados. No entanto, a crítica elaborada contra a utilização do conceito hobbesiano de estado de natureza introduziu uma inovação. Hedley Bull apontou para a possibilidade da utilização da descrição de Locke e não a de Hobbes. A noção de estado de natureza lockiano promoveria um outro tipo de mentalidade no que diz respeito às relações internacionais: nem pessimista – como aquela proposta pelo realismo clássico –, nem ingenuamente idealista – como aquela defendida pela escola utópica. Na verdade, trata-se de uma concepção que poderia ser também chamada de “realista”, no exato sentido de que ela descreve de modo mais fiel àquilo que efetivamente ocorre no cenário internacional: cooperação e conflito.

Se Locke é importante para que se compreenda a existência da ordem, da sociedade internacional e da cooperação nas relações internacionais, Hobbes é imprescindível para mostrar que esta ordem e esta sociedade permanecem frágeis e envolvidas numa luta pelo poder, o que potencializa os interesses nacionais e acirra o próprio conflito. O "espírito lockiano" e o "espírito hobbesiano" são complementares. Ambos devem estar presentes, em alguma medida, na mente daquele que quer compreender as relações internacionais, no exato sentido de que Locke representa a elucidação de um estado de paz e boa vontade que nasce por uma conduta guiada pela razão-moral, baseada nas leis naturais; e Hobbes, ao apontar as mais profundas forças que estão por detrás das ações humanas, oferece uma visão daquilo que move os interesses e os jogos humanos. Neste contexto, Locke representa a possibilidade de mudança, um plano de ação para aqueles que pretendem um estado de paz e boa vontade, enquanto Hobbes indica o estágio em que se encontra este plano de ação, ou seja, que muitas outras forças concorrem, e nem sempre de maneira convergente, para o estabelecimento do estado de paz nas relações internacionais.

Autor(es)

Raphael Spode
É doutorando e mestre em Relações Internacionais pelo IREL/UnB. Lecionou Introdução ao Estudo das Relações Internacionais e Teoria das Relações Internacionais na UNIVALI, onde foi coordenador do curso de Relações Internacionais. Também foi professor de Teoria das Relações Internacionais na UFSC. É pesquisador do Grupo de Pesquisa "Pensadores clássicos e os debates contemporâneos" - IREL/UnB. É co-organizador de Abordagem Clássica das Relações Internacionais (Conceito Editorial, 2012). E-mail para contato: raphael.spode@gmail.com

Conrado Frezza
É graduado em Direito e em Relações Internacionais pela UNIVALI. Atualmente, é consultor da UNESCO, advogado e trabalha como pesquisador na UnB. Publicou o artigo A solução proposta por Thomas Hobbes, na obra Leviatã, para o conflito entre Direito Natural e Direito Positivo e é um dos autores de Abordagem Clássica das Relações Internacionais (Conceito Editorial, 2012). E-mail para contato: conradodasilveira@gmail.com

Marcelo Alves
É doutorando em Filosofia Política pela UFSC e professor nos cursos de Relações Internacionais e Direito da UNIVALI, onde leciona Teoria Política e Filosofia do Direito. É autor de Leviatã: o demiurgo das paixões (Letras Contemporâneas, 2001), Camus: entre o sim e o não a Nietzsche (Letras Contemporâneas, 2001), Antígona e o Direito ( Juruá, 2007), e é organizador de Direito e política na Revolução Francesa (UNIVALI Editora, 2012). E-mail para contato: malves@univali.br
 

Sumário

INTRODUÇÃO, p. 19

PRIMEIRA PARTE THOMAS HOBBES, p. 23

1 O ESTADO DE NATUREZA HOBBESIANO E AS RELAÇÕES INTE RNACIONAIS, p. 25

O estado de natureza no Contratualismo Clássico, p. 25

O estado de natureza hobbesiano, p. 30

O estado de natureza hobbesiano na Teoria das Relaç ões Internacionais, p. 65

2 HOBBES PARA ALÉM DA GUERRA, p. 77

Indivíduos não são Estados, p. 77

As leis naturais como parâmetro moral para a condut a dos Estados, p. 83

Indivíduos contratam, Estados cooperam, p. 101

SEGUNDA PARTE JOHN LOCKE, p. 113

3 O ESTADO DE NATUREZA LOCKIANO E AS RELAÇÕES INTER - NACIONAIS, p. 115

O estado de natureza lockiano, p. 115

As críticas de Locke ao estado de natureza hobbesiano, p. 133

A "sociedade anárquica" no estado de natureza lockiano, p. 146

4 O ESTADO DE NATUREZA LOCKIANO COMO UM MODELO "REALISTA" PARA A COMPREENSÃO DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS, p. 159

O realismo do estado de natureza lockiano, p. 159

Configuração do estado de natureza lockiano como um modelo "realista" para a compreensão das relações internacionais, p. 165

Hobbes e Locke: dois realismos, dois modelos, p. 173

REFERÊNCIAS, p. 181

Índice alfabético

A

  • A "sociedade anárquica" no estado de natureza lockiano, p. 146

C

  • Configuração do estado de natureza lockiano como um modelo "realista" para a compreensão das relações internacionais ., p. 165
  • Contratualismo clássico. Estado de natureza no Contratualismo Clássico, p. 25
  • Críticas de Locke ao estado de natureza hobbesian o, p. 133

E

  • Estado de natureza hobbesiano e as relações inter nacionais, p. 25
  • Estado de natureza hobbesiano na Teoria das Relaç ões Internacionais, p. 65
  • Estado de natureza hobbesiano ., p. 30
  • Estado de natureza hobbesiano. Críticas de Locke ao estado de natureza hobbesiano, p. 133
  • Estado de natureza lockiano como um modelo "reali sta" para a compreensão das relações internacionais ., p. 159
  • Estado de natureza lockiano e as relações interna cionais, p. 115
  • Estado de natureza lockiano ., p. 115
  • Estado de natureza lockiano. A "sociedade anárquica" no estado de natureza lockiano, p. 146
  • Estado de natureza no Contratualismo Clássico, p. 25
  • Estado de natureza. Configuração do estado de nat ureza lockiano como um modelo "realista" para a compreensão das relaçõe s internacionais, p. 165
  • Estado. Indivíduos contratam, Estados cooperam ., p. 101
  • Estado. Indivíduos não são Estados ., p. 77
  • Estado. Leis naturais como parâmetro moral para a conduta dos Estados, p. 83

G

  • Guerra. Hobbes para além da guerra, p. 77

H

  • Hobbes e Locke: dois realismos, dois modelos., p. 173
  • Hobbes para além da guerra, p. 77
  • Hobbes. Estado de natureza hobbesiano e as relaçõ es internacionais, p. 25
  • Hobbes. Estado de natureza hobbesiano na Teoria das Relações Internacionais, p. 65
  • Hobbes. Estado de natureza hobbesiano ., p. 30

I

  • Indivíduos contratam, Estados cooperam., p. 101
  • Indivíduos não são Estados ., p. 77
  • Introdução ., p. 19

J

  • John Locke ., p. 113

L

  • Leis naturais como parâmetro moral para a conduta dos Estados, p. 83
  • Locke. Críticas de Locke ao estado de natureza ho bbesiano, p. 133
  • Locke. Estado de natureza lockiano como um modelo "realista" para a compreensão das relações internacionais ., p. 159
  • Locke. Estado de natureza lockiano ., p. 115
  • Locke. Estado de natureza lockiano e as relações internacionais, p. 115
  • Locke. Hobbes e Locke: dois realismos, dois model os, p. 173
  • Locke. Realismo do estado de natureza lockiano ., p. 159

M

  • Moral. Leis naturais como parâmetro moral para a conduta dos Estados, p. 83

R

  • Realismo do estado de natureza lockiano ., p. 159
  • Realismo. Hobbes e Locke: dois realismos, dois mo delos, p. 173
  • Referências, p. 181
  • Relações internacionais. Configuração do estado d e natureza lockiano como um modelo "realista" para a compreensão das re lações internacionais, p. 165
  • Relações internacionais. Estado de natureza locki ano como um modelo "realista" para a compreensão das relações internac ionais, p. 159
  • Relações internacionais. Estado de natureza hobbe siano e as relações internacionais, p. 25
  • Relações internacionais. Estado de natureza locki ano e as relações internacionais, p. 115

S

  • Sociedade. A "sociedade anárquica" no estado de natureza lockiano, p. 146

T

  • Teoria das relações internacionais. Estado de nat ureza hobbesiano na Teoria das Relações Internacionais ., p. 65
  • Thomas Hobbes ., p. 23

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