Abandono Paterno-Afetivo - À Luz da Perspectiva da Família e do Judiciário - Com observações de campo e análise de casos práticos
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Ficha técnica
Autor(es): Melissa Demari
ISBN v. impressa: 978853628600-6
ISBN v. digital: 978853628655-6
Acabamento: Brochura
Formato: 15,0x21,0 cm
Peso: 171grs.
Número de páginas: 138
Publicado em: 04/02/2019
Área(s): Direito - Civil - Direito de Família; Internacional
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Sinopse
A questão que se coloca na presente obra é o novo lugar assumido pelo Estado no tocante à administração de sentimentos, em especial nas ações envolvendo o chamado abandono paterno-afetivo. O fato de que o Judiciário assumiu um protagonismo excepcional na administração das relações e afetos familiares nos últimos anos não é novidade. Ações de reconhecimento de paternidade, divórcio, partilha de bens, guarda de filhos e pagamento de pensão são comuns no cotidiano forense. A novidade são ações nas quais se reclama indenização por ausência de afeto, em especial na relação paterno-filial.
O presente livro demonstra que o Poder Judiciário, com seu discurso, tem uma força constitutiva da realidade, e contribui para o despertar de novas moralidades e sensibilidades familiares. Contudo, para a constituição dessas novas sensibilidades – dentre as quais está o abandono – o Judiciário se socorre de uma racionalidade que seja capaz de dar crédito às percepções do abandono, pois os processos são permeados de uma lógica segundo a qual as emoções ocupam um lugar de não direito.
As ações envolvendo as relações familiares comunicam, a todo instante, que a criança cuja infância foi marcada pela ausência paterna pode apresentar problemas futuros, de modo que as construções jurídicas em torno da supressão do abandono e os discursos jurídicos como um todo denunciam a percepção de uma normalidade familiar e de uma pedagogia da paternidade para alcançá-la.
Finalmente, este universo revela a ideia segundo a qual a paternidade foi construída como subsidiária em relação à maternidade. Na medida em que as mulheres são consideradas como responsáveis pela criação dos filhos, no discurso jurídico o pai que paga pensão regularmente rompe com a lógica do dom na parentalidade, convertendo-a numa relação mercantil que percebe no auxílio financeiro o cumprimento integral das obrigações paternas. Tem-se, assim, uma lógica que delineia uma noção de normalidade familiar, perpassada por distintos valores de gênero em relação à maternidade e à paternidade.
Autor(es)
MELISSA DEMARI
Advogada militante e Professora da Graduação e da Pós-Graduação da Universidade de Caxias do Sul. Doutora em Ciências Sociais e Mestre em Direito Público pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS. Especialista em Justicia Constitucional y Procesos Constitucionale pela Universidad de Castilla La-Mancha – UCLM, Espanha, e em Direito Tributário pelo Instituto Brasileiro de Estudos Tributários – IBET. Autora do livro Negociação Coletiva no Serviço Público e de diversos artigos.
Sumário
1 INTRODUÇÃO, p. 11
2 PATERNIDADES E AFETOS: UM OLHAR JURÍDICO-ANTROPOLÓGICO DA FAMÍLIA, p. 17
2.1 ABANDONO INFANTIL E CIRCULAÇÃO DE CRIANÇAS, p. 22
2.2 NOÇÃO JURÍDICA DE FAMÍLIA, p. 24
2.3 EXAME DE DNA E BIOLOGIZAÇÃO FAMILIAR: O NASCIMENTO DE UM PAI?, p. 28
2.4 CULTURA, BIOLOGIA E DIREITO: (RE)PENSANDO AS POSSIBILIDADES DE FILIAÇÃO E REPRODUÇÃO, p. 33
2.5 A CONSTRUÇÃO SOCIAL DO SENTIMENTO DE INFÂNCIA E DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE COMO SUJEITOS DE DIREITOS, p. 34
2.6 TRABALHO, CASAMENTO, SEXO E SEPARAÇÃO, p. 36
3 ENTRE A NORMALIZAÇÃO, O PÚBLICO E O PRIVADO: O FENÔMENO DA JUDICIALIZAÇÃO DAS RELAÇÕES SOCIAIS, p. 39
3.1 JUDICIALIZAÇÃO E BIOPODER, p. 40
3.1.1 Repensando a Compartimentalização da Vida Entre o Público e o Privado, p. 42
3.2 DAR, RECEBER E RETRIBUIR: QUANDO A ANTROPOLOGIA NOS AJUDA A COMPREENDER COMO O DIREITO NOS DESPERTA PARA NOVAS SENSIBILIDADES FAMILIARES, p. 47
3.2.1 Construindo Tipos: a Vida pelos Olhos do Poder Judiciário, p. 55
3.2.2 O Outro Lado da Moeda: Judicialização e Empoderamento, p. 63
4 CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS, p. 67
4.1 DIREITO, EMOÇÕES E DOCUMENTOS: QUANDO AS ANTROPOLOGIAS SE ENCONTRAM, p. 67
4.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E INSERÇÃO EM CAMPO, p. 69
5 QUANDO A VIDA VIRA PROCESSO, p. 81
5.1 "COMO POSSO ABANDONAR ‘ALGO’ QUE NUNCA TIVE?" A HISTÓRIA DE CARLA, p. 83
5.2 TRIÂNGULO FAMILIAR: QUANDO BIOLOGIA, SANGUE E AFETO NÃO SE ENCONTRAM, p. 88
5.3 A HISTÓRIA DE CECÍLIA, p. 93
5.4 A HISTÓRIA DE LUCAS, p. 96
6 CONSTRUINDO O ABANDONO: AS NARRATIVAS JUDICIAIS QUE DEFINEM O ABANDONO DO FILHO, p. 101
6.1 PEDAGOGIA DA PATERNIDADE: (IN)COMPETÊNCIA PATERNA E O DESTINO DA CRIA, p. 103
6.2 O RECONHECIMENTO DA PATERNIDADE AFETIVA: AFETO VERSUS BIOLOGIA, p. 107
6.3 CONJUGALIDADES E PARENTALIDADES: AFETOS ITINERANTES, p. 108
6.4 A SEXUALIDADE MATERNA: QUANDO A QUESTÃO NÃO É A QUESTÃO, p. 110
6.5 DINHEIRO E AFETO, p. 113
6.6 O ESPÍRITO DA DÁDIVA NAS RELAÇÕES DE PARENTALIDADE, p. 115
7 CONCLUSÃO, p. 117
REFERÊNCIAS, p. 123
Índice alfabético
A
- Abandono infantil e circulação de crianças, p. 22
- Abandono. Construindo o abandono: as narrativas judiciais que definem o abandono do filho, p. 101
- Adolescente. Construção social do sentimento de infância e da criança e do adolescente como sujeitos de direitos, p. 34
- Afeto. Dinheiro e afeto, p. 113
- Afeto. Paternidades e afetos: um olhar jurídico-antropológico da família, p. 17
- Antropologia. Dar, receber e retribuir: quando a antropologia nos ajuda a compreender como o direito nos desperta para novas sensibilidades familiares, p. 47
- Antropologia. Direito, emoções e documentos: quando as antropologias se encontram, p. 67
B
- Biologia. Cultura, biologia e direito: (re)pensando as possibilidades de filiação e reprodução, p. 33
- Biologia. Reconhecimento da paternidade afetiva: afeto versus biologia, p. 107
- Biologização familiar. Exame de DNA e biologização familiar: o nascimento de um pai?, p. 28
- Biopoder. Judicialização e biopoder, p. 40
C
- Casamento. Trabalho, casamento, sexo e separação, p. 36
- Compartimentalização da vida. Repensando a compartimentalização da vida entre o público e o privado, p. 42
- Competência paterna. Pedagogia da paternidade: (in)competência paterna e o destino da cria, p. 103
- Conclusão, p. 117
- Conjugalidades e parentalidades: afetos itinerantes, p. 108
- Construção social do sentimento de infância e da criança e do adolescente como sujeitos de direitos, p. 34
- Criança. Abandono infantil e circulação de crianças, p. 22
- Criança. Construção social do sentimento de infância e da criança e do adolescente como sujeitos de direitos, p. 34
- Cultura, biologia e direito: (re)pensando as possibilidades de filiação e reprodução, p. 33
D
- Dádiva. Espírito da dádiva nas relações de parentalidade, p. 115
- Dar, receber e retribuir: quando a antropologia nos ajuda a compreender como o direito nos desperta para novas sensibilidades familiares, p. 47
- Dinheiro e afeto, p. 113
- Direito, emoções e documentos: quando as antropologias se encontram, p. 67
- Direito. Cultura, biologia e direito: (re)pensando as possibilidades de filiação e reprodução, p. 33
- DNA. Exame de DNA e biologização familiar: o nascimento de um pai?, p. 28
- Documento. Direito, emoções e documentos: quando as antropologias se encontram, p. 67
E
- Emoção. Direito, emoções e documentos: quando as antropologias se encontram, p. 67
- Empoderamento. O outro lado da moeda: judicialização e empoderamento, p. 63
- Espírito da dádiva nas relações de parentalidade, p. 115
- Exame de DNA e biologização familiar: o nascimento de um pai?, p. 28
F
- Família. Noção jurídica de família, p. 24
- Família. Paternidades e afetos: um olhar jurídico-antropológico da família, p. 17
- Filiação. Cultura, biologia e direito: (re)pensando as possibilidades de filiação e reprodução, p. 33
I
- Infância. Construção social do sentimento de infância e da criança e do adolescente como sujeitos de direitos, p. 34
- Introdução, p. 11
J
- Judicialização das relações sociais. Entre a normalização, o público e o privado: o fenômeno da judicialização das relações sociais, p. 39
- Judicialização e biopoder, p. 40
- Judicialização. O outro lado da moeda: judicialização e empoderamento, p. 63
M
- Metodologia. Considerações metodológicas, p. 67
- Metodologia. Procedimentos metodológicos e inserção em campo, p. 69
P
- Parentalidade. Conjugalidades e parentalidades: afetos itinerantes, p. 108
- Parentalidade. Espírito da dádiva nas relações de parentalidade, p. 115
- Paternidade. Pedagogia da paternidade: (in)competência paterna e o destino da cria, p. 103
- Paternidade. Reconhecimento da paternidade afetiva: afeto versus biologia, p. 107
- Paternidades e afetos: um olhar jurídico-antropológico da família, p. 17
- Pedagogia da paternidade: (in)competência paterna e o destino da cria, p. 103
- Pesquisa. Caso concreto. História de Cecília, p. 93
- Pesquisa. Caso concreto. História de Lucas, p. 96
- Pesquisa. Caso concreto. Triângulo familiar: quando biologia, sangue e afeto não se encontram, p. 88
- Pesquisa. Caso concreto. "Como posso abandonar ‘algo’ que nunca tive?" A história de Carla, p. 83
- Poder Judiciário. Construindo tipos: a vida pelos olhos do Poder Judiciário, p. 55
- Processo. Quando a vida vira processo, p. 81
R
- Receber. Dar, receber e retribuir: quando a antropologia nos ajuda a compreender como o direito nos desperta para novas sensibilidades familiares, p. 47
- Reconhecimento da paternidade afetiva: afeto versus biologia, p. 107
- Referências, p. 123
- Repensando a compartimentalização da vida entre o público e o privado, p. 42
- Reprodução. Cultura, biologia e direito: (re)pensando as possibilidades de filiação e reprodução, p. 33
- Retribuir. Dar, receber e retribuir: quando a antropologia nos ajuda a compreender como o direito nos desperta para novas sensibilidades familiares, p. 47
S
- Sensibilidades familiares. Dar, receber e retribuir: quando a antropologia nos ajuda a compreender como o direito nos desperta para novas sensibilidades familiares, p. 47
- Separação. Trabalho, casamento, sexo e separação, p. 36
- Sexo. Trabalho, casamento, sexo e separação, p. 36
- Sexualidade materna: quando a questão não é a questão, p. 110
- Sujeito de direitos. Construção social do sentimento de infância e da criança e do adolescente como sujeitos de direitos, p. 34
T
- Trabalho, casamento, sexo e separação, p. 36
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