Autor/Autores: Cristiano Becker Isaia
ISBN: 978853623711-4
Acabamento: Brochura
Formato: 15,0x21,0 cm
Peso: 507grs.
Número de páginas: 382
Publicado em: 19/03/2012
Área(s): Direito - Processual Civil
A presente obra discute os limites e as possibilidades para a condução do processo civil de que se dispõe atualmente ao encontro de novos locais de proteção/satisfação dos direitos sociais. Parte da premissa de que a jurisdição processual está imersa em um déficit de realidade oriundo principalmente da supervalorização do processo de conhecimento e seu corolário rito ordinário (por excelência plenário e declaratório), o qual tradicionalmente vem mantendo o processo civil no interior da filosofia da consciência e do liberalismo político, sobrelevando a consciência do magistrado e a obsessão pelo encontro de certezas e verdades eternas no trato de direitos subjetivos individuais. Em razão disso, o presente livro parte da premissa de que se faz necessário projetar uma compreensão hermenêutica e democrática do direito processual civil, o que tem como pano de fundo a afirmação de um novo processo pós-burocrático democrático e sumarizado (denominado sentença liminar de mérito), mergulhado numa filosofia que justifique sua existência para um tempo social-histórico, rompendo com o conceitualismo e com o reducionismo procedural-dogmático para encontrar respostas constitucionalmente corretas, tendo na ressurreição do caso concreto (e, por consequência, na revalorização da linguagem) uma condição de possibilidade. Sua proposta reside essencialmente na tentativa de descontaminação do direito processual civil desde aportes jurídicos, históricos, políticos e filosóficos, exigência traçada pelo Estado Democrático de Direito em seu desejo de se libertar da sedução racionalista.
Cristiano Becker Isaia é Doutor em Direito Pblico pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). Professor adjunto lotado no Departamento de Direito da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Professor adjunto do Curso de Direito do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA). Membro integrante do grupo de pesquisa gerido pelo Centro Universitário Franciscano denominado Teoria Jurídica no Novo Milênio. Coordenador do NEAPRO/UFSM (Núcleo de Estudos Avançados em Processo Civil da Universidade Federal de Santa Maria - “www.ufsm.br/neapro”). Autor de vários artigos publicados em periódicos jurídicos especializados.
INTRODUÇÃO
PRIMEIRA PARTE
1 - O Ideário da Jurisdição no Direito Romano Tardio e a Sacralização da Ordinariedade Processual
1.1 O período clássico romano e a valorização do caso concreto: a era da casuística e a força criadora da jurisprudência
1.1.1 O procedimento formulário e a atividade dos pretores diante do poder de imperium
1.1.2 O julgamento apud iudicem e a decisão segundo a consciência do juiz (iudex)
1.1.3 O problema da (ausência de) jurisdicionalidade do procedimento dos interditos
1.2 O desaparecimento do poder dos pretores e o início da derrocada do caso prático na jurisdição pós-clássica romana: o sistema processual da extraordinaria cognitio
1.2.1 A institucionalização do modelo condenatório de ação através da filiação ao procedimento da actio. A penetração do cristianismo no direito romano tardio e a jurisdição sem poder
1.3 A herança romana no mundo ocidental: entre a atuação pretoriana e a ordinariedade romana tardia. O pluralismo medieval e sua influência nos sistemas da common law (Inglaterra) e da civil law (Europa continental). A humanização do processo civil
2 - Estado Moderno e Processo Civil: os Desafios da Atuação Jurisdicional Entre a Sedução Racionalista e a Necessidade pela Coerência e Integridade das Decisões Judiciais
2.1 A influência da filosofia do racionalismo no direito e suas consequências à jurisdição e ao processo: o direito seduzido pelo método subsuntivo (e pela matematização) e a ficcionalização do texto legal (conceitualismo) na previsão de todas as hipóteses aplicativas
2.2 A organização política moderna e o surgimento do constitucionalismo
2.3 O Estado-Gerente (liberal-individualista-normativista) e a esclerose funcional da jurisdição processual: o juiz Júpiter e o caráter burocrático-reprodutivo de sua atividade. Ainda: a questão do protagonismo das partes
2.3.1 A sede pela autonomização do direito processual civil e o banimento das ações materiais: as teorias da ação, o (derradeiro) distanciamento entre os planos do direito material e do processo e as raízes do componente antidemocrático do processo civil
2.4 O welfare state (intervencionista) e a aproximação entre Estado e sociedade
2.4.1 Estado social, protagonismo judicial (o juiz enquanto Fuhrer do processo) e socialização do processo civil: a transição do processo liberal ao processo do bem-estar social. A (inevitável?) atividade criativa e a (ou o problema da) discricionariedade interpretativa frente à responsabilidade ético-constitucional da magistratura
2.5 Os novos desafios da jurisdição processual no paradigma instituído pelo Estado democrático de direito: a necessidade de uma atuação judicial para fortalecer a integrity a partir do protagonismo da Constituição e do caso concreto
SEGUNDA PARTE
1 - Processo Civil e Hermenêutica (Filosófica): a Linguagem como Ponto de Partida e Reflexão
1.1 A invasão da filosofia pela linguagem e o contributo de Heidegger e Gadamer
1.2 Rompendo as amarras do solipsismo jurisdicional: a inserção do intérprete no contexto da controvérsia (o juiz é o senhor do caso?), o processo de atribuição de sentido pelo magistrado e por que não há método para a interpretação do fato/direito em processo civil
1.2.1 A importância (e a hermenêutica) da significação do fato no direito processual civil diante do problema da fungibilização do fático
1.3 A busca por respostas corretas em direito (processo civil): hermenêutica, faticidade (o retorno ao caso concreto) e (a revolução da) democratização processual
1.4 O redesenhar da verossimilhança em processo civil a partir da singularidade (verdade hermenêutica) do caso concreto
2 - Profanações à Metodologia Ordinário-Plenária e as Introspecções no Direito Processual Civil: a (Necessidade Constitucional na) Revalorização do Caso Concreto pela Sentença (democrática) Liminar de Mérito a partir do Modelo Jurisdicional - ser-no-mundo
2.1 Os aparentes rompantes modernos à sagrada ordinariedade processual: o rito ordinário-declaratório-plenário em xeque?
2.1.1 A tutela "cautelar" de urgência satisfativa autônoma como provimento relativo à lide (mérito)
2.1.2 Seria o ontological turn da sentença? A quebra do princípio da unicidade e o julgamento de mérito parcial: um (pseudo) avanço para seu tempo
2.1.3 Juízos de reprodução e matéria unicamente de direito: a instrumentalidade e a abstração do art. 285-A na tentativa de universalizar a sentença liminar
2.2 A sentença liminar de mérito e a necessidade em reconstruir hermeneuticamente o significado das decisões liminares diante de situações de aparência envolvendo direitos sociais: a compreensão de uma nova oralidade processual como elemento integrante da democratização do processo
2.2.1 Por que a ampla defesa não pode ser reconhecida como um privilégio especial do demandado e por que o princípio do contraditório pode ser compreendido no contexto da sumarização de demandas
2.2.2 Sumarização, verdade hermenêutica e (novamente) democracia processual: a autenticidade da prova como condição de possibilidade à hermenêutica da verossimilhança do caso concreto. Ainda: audiência liminar, oralidade processual e a metáfora do juiz instrutor. Nem Júpiter nem criativo-ativista, apenas "ser-noprocesso"
2.3 A fusão de horizontes na sentença liminar de mérito: um modelo eficiente de prestação jurisdicional frente ao estado da arte representado pelo senso comum teórico da processualística brasileira
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS