Autor/Autores: Lauro Joppert Swensson Junior
ISBN v. impressa: 978853626760-9
ISBN v. digital: 978853626862-0
Acabamento: Brochura
Formato: 15,0x21,0 cm
Peso: 533grs.
Número de páginas: 430
Publicado em: 03/05/2017
Área(s): Direito - Penal; Direito - Militar
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O grande tema a ser desenvolvido neste trabalho é o da justiça de transição penal, no que diz respeito ao problema de saber se os responsáveis pela repressão contra os adversários políticos do regime militar, que praticaram violações aos direitos humanos “conforme o sistema” então vigente, podem ser hoje penalmente responsabilizados. Como um Estado Democrático de Direito deve lidar com o legado de uma ditadura? Como reagir à violação generalizada de direitos que, apesar de estarem teoricamente protegidos pelo ordenamento jurídico, na prática aconteciam com o consentimento e a tolerância do Estado? Podem os autores da criminalidade estatal praticada em um regime jurídico e político anterior serem mais tarde alvo da persecução penal, mesmo que isso viole certos princípios e institutos jurídicos da nova ordem constitucional? Em que medida o Direito Penal pode contribuir para o tratamento do sistema ilícito do passado?
A presente obra possui, assim, um duplo propósito: pensar o problema da justiça de transição através do Direito (e do Direito Penal) e, inversamente, pensar o Direito (e o Direito Penal) através do problema da justiça de transição. Contando que as regras jurídicas sejam principalmente um produto da práxis, e não o contrário, o tema da justiça de transição oferece ensejo privilegiado para a compreensão do fenômeno jurídico no Brasil, porque incorpora às análises gerais e abstratas sobre o Direito o estudo de casos concretos discutidos atualmente nos tribunais e na doutrina. Em outras palavras, porque ele possibilita testar conceitos e teorias (como anistia, prescrição, validade jurídica, o próprio conceito de Direito etc.) segundo a práxis atual de sua utilização.
LAURO JOPPERT SWENSSON JUNIOR
Doutor em Direito pela Johann Wolfgang Goethe-Universität Frankfurt am Main, Alemanha. Mestre em Filosofia do Direito pela Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP. Bacharel em Direito pela Universidade de São Paulo – USP. Professor Adjunto da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – UEMS. Membro Fundador da Escola Superior de Direito Público – ESDP.
INTRODUÇÃO
Primeira Parte - CRIMINALIDADE ESTATAL E JUSTIÇA DE TRANSIÇÃO
1 - O ESTADO COMO ´CRIMINOSO´
1.1 O Estado Comete Crimes?
1.1.1 Não. O Estado não comete crimes
1.1.2 Sim. O Estado comete crimes
1.2 A Violência do ´Direito-Estado´
1.3 Criminalidade Estatal
1.3.1 Conceito
1.3.2 Características
2 - A BUSCA POR RESPONSABILIDADE: O MOVIMENTO DA JUSTIÇA DE TRANSIÇÃO
2.1 A Tendência de Impunidade para a Criminalidade Estatal
2.2 A Contratendência da Justiça de Transição para a Responsabilização dos Autores da Criminalidade Estatal
2.2.1 ´Vergangenheitsbewältigung´ e ´transitional justice´
2.2.2 Crítica do conceito
2.3 Justiça de Transição e a Busca por Responsabilidade para Crimes Praticados pelo Estado
2.4 Sobre as Construções da Responsabilidade
2.4.1 A relatividade sistêmica da responsabilização
2.4.2 A atribuição de responsabilidade
2.4.3 Responsabilização e justiça de transição
Segunda Parte - RESPONSABILIZAÇÃO PENAL PARA OS CRIMES DA DITADURA MILITAR
1 - DITADURA
1.1 Os Anos de Chumbo
1.1.1 Ditadura militar
1.1.2 Repressão política: estrutura
1.1.3 Repressão política: resultados
1.2 Sobre a ´Utopia Autoritária´ Pedagógica e Saneadora da Ditadura
1.2.1 Utopia autoritária
1.2.2 Utopia autoritária pedagógica
1.2.3 Utopia autoritária saneadora
1.3 A Impunidade para a Criminalidade Estatal da Ditadura: Usurpação e Violação do Direito Posto
2 - NOVA REPÚBLICA
2.1 A Volta aos Quartéis
2.1.1 Da ´abertura´ à Nova República
2.1.2 Desmontando a ditadura: o processo de liberalização democrática
2.2 Justiça de Transição do ´Esquecimento´ e da ´Reparação´
2.2.1 Mudança de imagens
2.2.2 Reparação
2.2.3 Silêncio
2.3 A Impunidade para a Criminalidade Estatal na Nova República: Anistia, Prescrição e a Exigência do Respeito à Lei
2.3.1 O Estado protege os cidadãos. Mas quem protege os cidadãos do Estado?
2.3.2 Estado Democrático de Direito e Direito Penal
2.3.3 Exigência do respeito à lei
2.3.4 Causas de extinção de punibilidade
3 - A ERA DA RESPONSABILIZAÇÃO
3.1 Criminalidade Estatal na Era da Responsabilização
3.1.1 O movimento da ´justiça de transição penal´
3.1.2 ´Justiça em cascata´
3.1.3 A responsabilidade como conceito-chave, a necessidade geral e onipresente da pena e as transformações (ou crise) do direito penal moderno
3.2 Justiça de Transição da ´Memória´ e da ´Penalização´
3.2.1 Mudança de modelo?
3.2.2 Memória
3.2.3 Penalização
3.3 A Penalização da Criminalidade Estatal: um Problema Jurídico
3.4 Moralismo Jurídico ´Disfarçado´ e ´Aberto´
Terceira Parte - AQUÉM E ALÉM DA LEI
1 - O ARGUMENTO DA ´CORRETA INTERPRETAÇÃO´ DA LEI DE ANISTIA
1.1 ´Voluntas Legis´
1.2 Crimes Políticos
1.3 Crimes Conexos aos Crimes Políticos
1.4 Crimes Praticados com Motivação Política
1.5 Crimes sem Motivação Política
1.6 Crimes Permanentes
2 - O ARGUMENTO DA ILEGITIMIDADE DEMOCRÁTICA E DA INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI DE ANISTIA
2.1 Ausência de Legitimidade Democrática
2.2 Mudança Legislativa
2.3 Controle de Constitucionalidade
2.3.1 Controle de constitucionalidade formal
2.3.2 Controle de constitucionalidade material
2.4 Petição Inicial da ADPF/153
2.4.1 ´Isonomia em matéria de segurança´ (art. 5º, caput, CF)
2.4.2 ´Ocultação da verdade´ (art. 5º, XXXIII, CF)
2.4.3 ´Dignidade da pessoa humana´ (art. 1º, III, CF)
2.4.4 ´Tirania dos valores´
2.5 Proibição de Retroatividade da Lei Penal (Art. 5º, XL, CF)
2.5.1 Interpretação retroativa
2.5.2 Anistia e ab-rogação da lei penal
2.5.3 Anistia e lei-medida (´MAßNAHMEGESETZ´)
2.6 ´Voluntas Legislatoris´
2.6.1 Consideração do direito da época dos fatos como exigência da proibição de retroatividade da lei penal
2.6.2 Interpretação histórica
2.6.3 O argumento deslocado do ´acordo´
3 - O ARGUMENTO DOS CRIMES CONTRA A HUMANIDADE
3.1 Crimes Contra a Humanidade
3.2 ´Paradoxo Penal´
3.3 Validade dos Tratados Internacionais de Acordo com a Forma de Ratificação
3.4 Origem Contratual da Norma de Direitos Humanos
3.5 Conformidade Constitucional dos Tratados Internacionais
3.6 Caso Gomes Lund e Outros (´Guerrilha do Araguaia´) vs. Brasil
3.7 Os Direitos Humanos Protegem os Cidadãos - Mas Quem Protege os Cidadãos dos Direitos Humanos?
4 - PARA ALÉM DA LEI: O ARGUMENTO DA JUSTIÇA
4.1 Para Outra Dimensão do Debate
4.2 Contra a Lei: o Positivismo Jurídico ´Crucificado´
4.3 Justiça como Critério Negativo de Avaliação
4.3.1 A aporia da justiça
4.3.2 A experiência da (aporia) justiça
4.4 Justiça como Critério de Validade Jurídica?
4.4.1 Moralismo jurídico aberto
4.4.2 Positivismo, realismo e moralismo jurídicos
4.5 Quatro Comentários sobre a Validade Jurídica
4.5.1 Validade da norma jurídica vs. validade do ordenamento jurídico
4.5.2 Teorias sobre a validade jurídica vs. teorias sobre o direito
4.5.3 Ontologia jurídica vs. filosofia prática
4.5.4 Conclusões indistintas?
4.6 A Favor da Lei (1): o Problema do Relativismo Moral
4.6.1 A Fórmula de Radbruch - um caminho jusfilosófico para a penalização?
4.6.2 Relativismo vs. universalismo
4.6.3 Três esclarecimentos sobre o relativismo
4.7 A Favor da Lei (2): Outros Argumentos pela Separação entre Direito e Moral
4.7.1 Insegurança jurídica
4.7.2 Perda de importância e significado
4.7.3 Dualismo metodológico
4.7.4 Menor potencial crítico
4.7.5 O argumento conceitual
4.8 O Problema da Retroatividade do Moralismo Jurídico
Quarta Parte - DIANTE DA LEI
1 - DIANTE DA LEI
1.1 Responsabilização Penal e Estado de Direito
1.2 Sobre a Impotência e a Angústia da Conclusão
1.3 Sobre o Papel do Direito Penal na Desconstrução do Sistema Injusto
1.4 Considerações Finais
2 - POSFÁCIO: TRÊS NOTAS SOBRE A JUSTIÇA DA TRANSIÇÃO E A TRANSIÇÃO DA JUSTIÇA
2.1 Diante da Lei
2.2 Penalização sem Pena? Outros Caminhos de Responsabilização
2.3 Ditadura e Pensamento
REFERÊNCIAS