Autor/Autores: Paulo Eduardo Alves da Silva
ISBN v. impressa: 978853629750-7
ISBN v. digital: 978853629992-1
Acabamento: Brochura
Formato: 15,0x21,0 cm
Peso: 399grs.
Número de páginas: 322
Publicado em: 29/06/2022
Área(s): Direito - Processual Civil; Direito - Diversos
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O que é, afinal, acesso à justiça? A sociedade brasileira é muito litigante? A quantidade de processos judiciais no Brasil é exagerada? Podemos esperar o aumento ou a diminuição desse volume nos próximos anos? Como o direito, especialmente o direito processual, pode equacionar a efetivação do ideal de justiça à eficiência da máquina judicial? Este livro traz argumentos e dados para discutirmos essas questões. Resultado de estudos teóricos e empíricos que o autor realizou nos últimos dez anos, o livro articula três tópicos fundamentais: o acesso à justiça, a litigiosidade e o direito processual.
O acesso à justiça é tema famoso no Brasil, embora nem sempre concordemos sobre o seu significado. Esse livro refaz sua trajetória desde antes e para depois da famosa receita que Mauro Cappelletti e Bryant Garth sintetizaram em 1978 – e que, desde quando chegou a nós em 1988, é invocação recorrente das mais diversas propostas legislativas.
A litigiosidade é outro conceito de muitas versões, comumente confundido com a judicialização - “alta litigiosidade”, “litigiosidade repetitiva”, “litigiosidade abusiva” etc. Nesse livro, o fenômeno é situado nas dinâmicas sociais em que as disputas nascem, muito antes de seu ingresso no sistema judicial, e retratado de modo realista com base em rico repertório de dados empíricos.
Por último, o direito processual é submetido à exame crítico em função do acesso à justiça e da litigiosidade. Objeto de intermináveis mudanças legislativas, as formas processuais podem tanto minimizar a assimetria entre os litigantes quanto intensificá-la ainda mais, comprometendo de vez a efetividade do sistema jurídico. O direito processual tem potencial para prover a justiça que a lei material não assegura, mas também pode ser fonte de táticas perniciosas de litigância, capazes de fomentar a insegurança jurídica, as desigualdades, a instabilidade e a percepção de injustiça que retroalimentam a desordem social. Esse livro nos ajuda a avaliar se o processo civil brasileiro, no seu histórico glorioso e no seu desenho atual, nos aproxima ou nos afasta do tão almejado ideal de acesso à justiça – o que o faz útil para a interpretação e operação diárias e, também, para o monitoramento de sua aplicação e os eventuais reajustes futuros.
PAULO EDUARDO ALVES DA SILVA
Professor Associado na Faculdade de Direito de Ribeirão Preto da USP, advogado e mediador. Mestre, Doutor e Livre Docente em Direito pela USP, fundou e dirigiu a Rede de Estudos Empíricos em Direito (REED), foi Visiting Scholar na Universidade da Califórnia/Berkeley e Universidade de Wisconsin/Madison e consultor em diversos órgãos de pesquisa e políticas de justiça – como o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Ministério da Justiça (MJ), a Escola da Magistratura Federal da 3a Região (EMAG) e a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam). Foi professor e pesquisador na Escola de Direito de São Paulo da FGV (Direito GV) e coordenou atividades de pesquisa no CEBEPEJ – Centro Brasileiro de Estudos e Pesquisas Judiciais. Produziu estudos inovadores sobre o gerenciamento de processos judiciais, a gestão da Justiça e os métodos de resolução de disputas e disseminou a pesquisa empírica em direito no Brasil. Atualmente estuda os impactos da informatização e virtualização do sistema de justiça e e os efeitos da discriminação racial no acesso à justiça. Este livro é resultado de pesquisas desenvolvidas ao longo dos últimos dez anos sobre os obstáculos à efetivação da justiça nas sociedades contemporâneas e os caminhos oferecidos pelo direito processual.
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE ABREVIATURAS
INTRODUÇÃO
I ACESSO À JUSTIÇA E LITIGIOSIDADE
1 Dimensão Jurídica e Dimensão Social da Litigiosidade
1.1 A função social da litigiosidade e o engano da teoria processual
1.2 A "velha novidade" da litigiosidade de massa e uma nova teoria da jurisdição
1.3 A litigiosidade necessária - a função regulatória da judicialização (Kagan)
2 Acesso à Justiça - Abordagens e Conceitos
2.1 Sentidos possíveis de acesso à justiça
2.2 Acesso à justiça normativo-institucional (Cappelletti e Garth)
2.3 Um certo otimismo quanto ao papel do direito
3 Acesso à Justiça e Desigualdades
3.1 O direito não é neutro - favorecimento legal e assimetria processual
3.2 Assimetria processual: as vantagens do litigante experiente (Galanter)
3.3 Neutralizar desigualdades: a missão substancial do acesso à justiça
3.4 Acesso à justiça e desigualdade interseccional - gênero, raça e classe social (Sandefur)
4 Litigiosidade e Litigância Judicial - Etapas da Transformação das Disputas
4.1 A transformação das disputas em litígios e o sistema sociojudicial de administração dos conflitos ("dispute pyramid")
4.2 Litigiosidade, direito material e judicialização
4.3 Um sistema complexo de administração de conflitos ("the dispute tree")
5 Acesso à Justiça e a Construção Social da Legalidade
5.1 Acesso à justiça como resultado das experiências pessoais (Sandefur)
5.2 O sentido de justiça do devido processo (Tyler)
6 As Dimensões Institucional, Social e Cultural da Litigiosidade e do Acesso à Justiça (Conclusão do Capítulo)
II ACESSO À JUSTIÇA CIVIL, LITIGIOSIDADE E JUDICIALIZAÇÃO NO BRASIL
1 Leis e Teorias Sobre o Acesso à Justiça no Brasil
1.1 O acesso à justiça na legislação brasileira: surfando "ondas" de reformas institucionais
1.2 O acesso à justiça na produção teórica: direito processual ou exercício de cidadania?
1.3 O dilema do "acesso à justiça" na legislação atual: entre eficiência e "necessidades sociais"
1.3.1 As recentes transformações no modelo processual civil brasileiro
2 Indicadores de Acesso à Justiça no Brasil - Litigiosidade e Judicialização
2.1 Acesso quantitativo e acesso qualitativo à justiça
2.2 O brasileiro é mesmo muito litigante? Potencial de litigiosidade e judicialização no Brasil
2.3 A litigiosidade no Brasil é baixa e crescerá com o desenvolvimento social
2.4 O aparente paradoxo: baixa confiança na Justiça e alta judicialização
2.5 Poderia ser muito pior: cumprimento das leis, coerção social e judicialização no Brasil
3 O Acesso à Justiça no Brasil: Perfil da Judicialização das Disputas
3.1 A competição pelo uso do Poder Judiciário
3.2 O discurso de "excesso de acesso à justiça" e o engano das políticas judiciárias
3.3 Acesso desigual à justiça e judicialização concentrada
3.4 O mito da litigância abusiva: como afinal litigam as pessoas comuns
3.4.1 "Litigância garantida": a preferência pelo formalismo na litigância assimétrica
3.4.2 "Litigância submissa": invisibilidade e manipulação do cidadão litigante
3.4.3 "Litigância responsável": quando o devedor garante efetividade ao processo
4 Litigiosidade e Judicialização no Brasil (Notas Conclusivas)
III ACESSO À JUSTIÇA E LITIGIOSIDADE NO PROCESSO CIVIL BRASILEIRO
1 O Modelo Processual Civil Brasileiro
1.1 Modelos de justiça e de processo - dimensão político-organizacional do direito processual
1.2 Vetores político-organizacionais da legislação processual no século XX
1.3 Tecnicismo, publicismo e desformalização - marcas do modelo processual civil brasileiro do século XX
2 Tendências da Legislação Processual Atual - Eficientismo, Privatismo e Consensualismo
2.1 Indicadores dos impactos das mudanças sobre o acesso à justiça no Brasil
2.2 O processo civil entre a justiça e a eficiência
2.2.1 Gerenciamento de processos judiciais - ou, "das boas ou más relações entre o direito e a gestão"
2.2.2 Valorização formal da jurisprudência - um peculiar regime de unificação de decisões judiciais
2.3 Protagonismo das partes e "privatismo" processual
2.3.1 "Justiça consensual" - motivos e limites do acesso à justiça pelo consenso
2.3.2 Convenções e negócio jurídico processuais - avanços e obstáculos do privatismo processual
3 Eficiência, Liberdade e Desigualdades - o Equilíbrio dos Pratos na Nova Legislação Processual Civil (Conclusão do Capítulo)
CONSIDERAÇÕES CONCLUSIVAS
1 Invertendo o Telescópio: Duas Estratégias Para se Buscar o Acesso à Justiça
2 Indicadores de Acesso à Justiça e Litigiosidade
2.1 Neutralização da assimetria entre as partes e redução do favorecimento aos litigantes com mais recursos e experiência de litigância
2.2 Articulação de métodos e processos públicos e privados e organização de um macrossistema sociojudicial de administração de conflitos
2.3 Distribuição do espaço do Judiciário, no sentido de reduzir a concentração do uso pelos mesmos "grandes litigantes"
2.4 Consideração à expectativa de "judiciarização" da população brasileira
2.5 Atenção ao benefício da "proteção pelas formas", principalmente nos litígios assimétricos
3 O Potencial de Acesso à Justiça da Nova Legislação Processual Civil
4 Elementos Para uma Sociopolítica do Direito Processual
REFERÊNCIAS