Sexualidade e Aliança na Contemporaneidade - Nem Édipo, Nem Barbárie: Uma Contribuição Genealógica ao Debate Psicanalítico

2ª Edição – Revista e Atualizada Eduardo Ponte Brandão

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Ficha técnica

Autor(es): Eduardo Ponte Brandão

ISBN v. impressa: 978853623644-5

ISBN v. digital: 978853627584-0

Edição/Tiragem: 2ª Edição – Revista e Atualizada

Acabamento: Brochura

Formato: 15,0x21,0 cm

Peso: 387grs.

Número de páginas: 256

Publicado em: 07/02/2012

Área(s): Psicologia - Psicanálise

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Sinopse

É sabido que no debate público a respeito das alianças contemporâneas, especialmente no momento em que homossexuais reivindicaram direitos de família na França, boa parte dos psicanalistas manifestaram-se contra tais mudanças. Para tanto, entrincheiraram-se no Édipo que, sem dúvida, ocupa lugar central na psicanálise desde Freud, considerando-o como contraponto ao que eles passaram a nomear de barbárie. O Édipo - condição fundante da subjetividade humana – foi posto num campo de batalha em oposição à ameaça supostamente conduzida por famílias de homossexuais e de lésbicas. Lei e Desejo – enraizados no coração do Édipo – foram e ainda são conceitos normalmente invocados quando se exige a interlocução entre Psicanálise e Direito. Por sua vez, o autor faz lembrar que a homoparentalidade é somente uma dentre outras formas de aliança conjugal e familiar que buscam legitimação social no cenário contemporâneo. As ‘uniões livres’, as ‘produções independentes’, as famílias ‘recompostas’ e ‘adotivas’, entre outras, demonstram que a sexualidade, a aliança e a reprodução humana se dissociaram completamente ao longo das últimas décadas. Na contramão dos psicanalistas que avocam elevados ideais civilizatórios, o autor demonstra que, mesmo na versão estrutural formulada por Lacan, o Édipo condensa os contornos da família pequeno-burguesa e, por isso, acorrenta os registros que hoje em dia se encontram desatrelados. Para tanto, ele lança mão da genealogia de Foucault e a explora no limite da radicalidade com que este último critica o Édipo enquanto eixo formador da subjetividade. O Édipo para Foucault é uma matriz moderna pela qual cada sujeito passa a administrar sua sexualidade e a si próprio numa sociedade cuja arte de governo está centrada no poder sobre a vida humana. A psicanálise teria sido aquela que recuperou o sistema de aliança face à falência da antiga gestão familiar e à valorização do dispositivo da sexualidade, lançando mão do Édipo enquanto instrumento principal dessa empreitada. Por seu turno, o autor insere na esteira dessa crítica, a ideia de que o Édipo herdou também vetores históricos das alianças entre homem e mulher e entre pais e filhos, o que revela o estreitamento ainda maior entre psicanálise e cristandade ou ainda, a racionalidade científica burguesa. Donde a necessidade de revisão urgente do Édipo, com tudo que ele implica, a saber, a Lei simbólica fundada na diferença sexual e no referencial fálico, em face dos jogos de força na atualidade. Mas, não se trata aqui de um libelo contra a psicanálise ou, simplesmente, contra o Édipo. Ao contrário: a tarefa de recolocar essa discussão nos trilhos da genealogia é bastante promissora, pois permite chamar atenção para a complexidade da psicanálise, sobretudo, do seu fundador, Freud. Não é preciso abdicar do Édipo para perceber que o saber freudiano se avizinha das experiências éticas e estéticas da ars erótica, criando, assim, outras formas de interlocução com o Direito e a Filosofia frente aos desafios da vida contemporânea. Desse modo, este livro interessa aos que, oriundos da Psicanálise, da Psicologia, do Direito, da Filosofia e das Ciências Humanas em geral, se inquietam com tais desafios sem sucumbirem a ideias acabadas de civilização e barbárie, cuja polaridade se mostra muitas vezes mais próxima do esperado.
 

Autor(es)

Eduardo Ponte Brandão é Doutor em Teoria Psicanalítica/UFRJ; Mestre em Psicologia Clínica/ PUC/Rio; Psicanalista; Psicólogo do Tribunal de Justiça/RJ; Professor do curso de Especialização em Psicologia Jurídica UCAM/AVM e de graduação em Psicologia UNI – IBMR, coorganizador do livro Psicologia Jurídica no Brasil.

 

Sumário

Introdução, p. 15

Capítulo 1 - Sexo, Casamento e Reprodução na Idade Média, p. 29

1.1 Amor reserva e débito conjugal, p. 32

1.2 Expansão da Igreja e regulação do sexo e do casamento, p. 36

1.3 O triunfo do modelo canônico de casamento, p. 40

1.4 Tribunais, feiticeiras e o repúdio ao feminino, p. 49

1.5 Baixa Idade Média, p. 52

1.6 A importância do Concílio de Trento, p. 54

1.7 A confissão tarifada e as formas jurídicas, p. 56

1.8 A confissão da carne e a pastoral cristã, p. 62

1.9 A colonização da sexualidade na doutrina matrimonia l, p. 66

1.10 As formas jurídicas e o problema da possessão, p. 72

Capítulo 2 - Sexualidade, Casamento e Reprodução na Modernidade, p. 77

2.1 A construção do modelo normativo, p. 78

2.1.1 O problema da masturbação e o modelo dos dois sexos, p. 78

2.1.2 A célula nuclear: a penetração da sexualidade na aliança, p. 89

2.1.3 A medicalização da família e o problema do incesto, p. 92

2.2 A normalização científica do sexual e a tecnologia do exame, p. 100

2.2.1 A psiquiatrização do prazer perverso, p. 100

2.2.2 Exame e disciplina: o infantil no adulto e as influências da ciência do sexual, p. 106

2.3 A inscrição da norma na arte de governar a vida, p. 118

2.3.1 A socialização das condutas de procriação, p. 118

2.3.2 A arte de governar, p. 121

2.3.3 Familiarismo e o declínio das ciências do sexual, p. 123

2.3.4 Psicanalismo, p. 129

Capítulo 3 - Sexualidade e Aliança em Freud, p. 137

3.1 A sexualidade infantil perverso-polimorfa e as ramificações entre as ciências do sexual e a psicanálise, p. 140

3.2 As tessituras do complexo: linhas gerais., p. 159

3.3 Dissonâncias da psicanálise frente ao projeto moderno e familiarismo edipiano, p. 167

3.4 A moral sexual civilizada, a hipótese repressiva e a erotização da maternidade. ., p. 176

3.5 Masturbação e ars erotica, p. 181

3.6 A virada de 1920, a hipótese filogenética, o mal-estar e a feminilidade., p. 194

3.7 Lacan e os lacanianos, p. 211

Conclusão, p. 222

., p. 231

Índice alfabético

A

  • Adulto. Exame e disciplina: o infantil no adulto e as influências da ciência do sexual. ., p. 106
  • Amor reserva e débito conjugal., p. 32
  • Ars erotica. Masturbação e ars erotica., p. 181
  • Arte. Inscrição da norma na arte de governar a vi da., p. 118
  • Arte de governar., p. 121

C

  • Casamento. Triunfo do modelo canônico de casamento., p. 40
  • Casamento. Amor reserva e débito conjugal., p. 32
  • Casamento. Expansão da Igreja e a regulação do se xo e do casamento., p. 36
  • Casamento. Sexo, casamento e reprodução na Idade Média., p. 29
  • Casamento. Sexualidade, casamento e reprodução na Modernidade., p. 77
  • Célula nuclear: a penetração da sexualidade na aliança., p. 89
  • Ciência. Normalização científica do sexual e a te cnologia do exame., p. 100
  • Ciência do sexual. Exame e disciplina: o infantil no adulto e as influências da ciência do sexual. ., p. 106
  • Ciência do sexual. Familiarismo e o declínio das ciências do sexual., p. 123
  • Ciência do sexual. Sexualidade infantil perversopolimorfa e as ramificações entre as ciências do sexual e a psican álise., p. 140
  • Colonização da sexualidade na doutrina matrimonia l., p. 66
  • Complexo de Édipo. Tessituras do complexo: linhas gerais., p. 159
  • Concílio de Trento. Importância. ., p. 54
  • Conclusão. ., p. 223
  • Confissão da carne e a pastoral cristã. ., p. 62
  • Confissão tarifada e as formas jurídicas. ., p. 56
  • Crença. Confissão da carne e a pastoral cristã. ., p. 62
  • Crença. Confissão tarifada e as formas jurídicas., p. 56
  • Crença. Expansão da Igreja e a regulação do sexo e do casamento., p. 36

D

  • Débito conjugal. Amor reserva e débito conjugal, p. 32
  • Disciplina. Exame e disciplina: o infantil no adulto e as influências da ciência do sexual., p. 106
  • Dissonâncias da psicanálise frente ao projeto mod erno e familiarismo edipiano., p. 167
  • Dois sexos. Problema da masturbação e o modelo do s dois sexos., p. 78
  • Doutrina matrimonial. Colonização da sexualidade na doutrina matrimonial., p. 66

E

  • Erotização. Moral sexual civilizada, a hipótese repressiva e a erotização da maternidade., p. 176
  • Exame e disciplina: o infantil no adulto e as influências da ciência do sexual., p. 106
  • Expansão da Igreja e a regulação do sexo e do cas amento., p. 36

F

  • Família. Medicalização da família e o problema do incesto., p. 92
  • Familiarismo e o declínio das ciências do sexual., p. 123
  • Familiarismo edipiano. Dissonâncias da psicanális e frente ao projeto moderno e familiarismo edipiano., p. 167
  • Feiticeira. Tribunais, feiticeiras e o repúdio ao feminino., p. 49
  • Feminilidade. Virada de 1920, a hipótese filogenética, o mal-estar e a feminilidade., p. 194
  • Forma jurídica. Confissão tarifada e as formas ju rídicas., p. 56
  • Formas jurídicas e o problema da possessão. ., p. 72
  • Freud. Dissonâncias da psicanálise frente ao proj eto moderno e familiarismo edipiano., p. 167
  • Freud. Masturbação e ars erotica., p. 181
  • Freud. Sexualidade e aliança em Freud., p. 137
  • Freud. Tessituras do complexo: linhas gerais., p. 159
  • Freud. Virada de 1920, a hipótese filogenética, o mal-estar e a feminilidade., p. 194

G

  • Governar a vida. Inscrição da norma na arte de go vernar a vida., p. 118
  • Governo. Arte de governar., p. 121

H

  • Hipótese filogenética. Virada de 1920, a hipótese filogenética, o mal-estar e a feminilidade., p. 194
  • Histórico. Reprodução e casamento. Baixa Idade Média., p. 52
  • Histórico. Sexo, casamento e reprodução na Idade Média., p. 29

I

  • Idade Média. Sexo, casamento e reprodução na Idade Média, p. 29
  • Igreja. Expansão da Igreja e a regulação do sexo e do casamento., p. 36
  • Importância do Concílio de Trento. ., p. 54
  • Incesto. Medicalização da família e o problema do incesto, p. 92
  • Infância. Sexualidade infantil perverso-polimorfa e as ramificações entre as ciências do sexual e a psicanálise. ., p. 140
  • Infantil. Exame e disciplina: o infantil no adulto e as influências da ciência do sexual. ., p. 106
  • Inscrição da norma na arte de governar a vida. ., p. 118
  • Introdução. ., p. 15

L

  • Lacan e os lacanianos., p. 211

M

  • Mal-estar. Virada de 1920, a hipótese filogenética, o mal-estar e a feminilidade., p. 194
  • Masturbação e ars erotica., p. 181
  • Masturbação. Problema da masturbação e o modelo d os dois sexos., p. 78
  • Maternidade. Moral sexual civilizada, a hipótese repressiva e a erotização da maternidade., p. 176
  • Medicalização da família e o problema do incesto., p. 92
  • Modernidade. Sexualidade, casamento e reprodução na Modernidade., p. 77
  • Moral sexual civilizada, a hipótese repressiva e a erotização da maternidade., p. 176

N

  • Norma. Inscrição da norma na arte de governar a v ida, p. 118
  • Normalização científica do sexual e a tecnologia do exame., p. 100
  • Normatividade. Construção do modelo normativo. ., p. 78

P

  • Pastoral cristã. Confissão da carne e a pastoral cristã., p. 62
  • Possessão. Formas jurídicas e o problema da posse ssão., p. 72
  • Problema da masturbação e o modelo dos dois sexos ., p. 78
  • Projeto moderno. Dissonâncias da psicanálise fren te ao projeto moderno e familiarismo edipiano., p. 167
  • Psicanálise. Dissonâncias da psicanálise frente a o projeto moderno e familiarismo edipiano., p. 167
  • Psicanálise. Lacan e os lacanianos., p. 211
  • Psicanálise. Sexualidade infantil perverso-polimo rfa e as ramificações entre as ciências do sexual e a psicanálise., p. 140
  • Psicanalismo., p. 129
  • Psiquiatrização do prazer perverso. ., p. 100

R

  • Referências. ., p. 231
  • Religião. Expansão da Igreja e a regulação do sex o e do casamento., p. 36
  • Religião. Triunfo do modelo canônico de casamento ., p. 40
  • Repressão. Moral sexual civilizada, a hipótese re pressiva e a erotização da maternidade., p. 176
  • Reprodução. Sexo, casamento e reprodução na Idade Média., p. 29
  • Reprodução. Sexualidade, casamento e reprodução n a Modernidade., p. 77
  • Repúdio. Tribunais, feiticeiras e o repúdio ao fe minino., p. 49

S

  • Sexo. Expansão da Igreja e a regulação do sexo e do casamento., p. 36
  • Sexo, casamento e reprodução na Idade Média., p. 29
  • Sexualidade. Célula nuclear: a penetração da sexualidade na aliança., p. 89
  • Sexualidade. Colonização da sexualidade na doutri na matrimonial., p. 66
  • Sexualidade. Familiarismo e o declínio das ciênci as do sexual., p. 123
  • Sexualidade. Moral sexual civilizada, a hipótese repressiva e a erotização da maternidade., p. 176
  • Sexualidade. Normalização científica do sexual e a tecnologia do exame., p. 100
  • Sexualidade. Problema da masturbação e o modelo d os dois sexos., p. 78
  • Sexualidade e aliança em Freud., p. 137
  • Sexualidade infantil perverso-polimorfa e as ramificações entre as ciências do sexual e a psicanálise. ., p. 140
  • Sexualidade, casamento e reprodução na Modernidad e., p. 77
  • Socialização das condutas de procriação. ., p. 118

T

  • Tecnologia. Normalização científica do sexual e a tecnologia do exame., p. 100
  • Tessituras do complexo: linhas gerais., p. 159
  • Trento. Importância do Concílio de Trento. ., p. 54
  • Tribunais, feiticeiras e o repúdio ao feminino. ., p. 49
  • Triunfo do modelo canônico de casamento., p. 40

V

  • Virada de 1920, a hipótese filogenética, o mal-estar e a feminilidade., p. 194

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